Uma casa onde se respira harmonia. Entrevistámos Ana Dias Ferreira.
Se pararmos para pensar um segundo, provavelmente os últimos 12 meses foram um dos períodos em que passámos mais tempo nas nossas casas e, por isso, mais tempo também a conviver com os nossos móveis. Cadeiras, mesas, estantes, deixaram de ocupar papéis secundários, passando a protagonistas das nossas atividades diárias. Tornámo-los em objetos multifunções. Passaram das nossas salas a novos escritórios em casa, aulas escolares ou mesmo fazer parte de estúdios de TV improsivados.
Esta nova situação fez-nos refletir sobre muitas coisas: sobre o conceito de conforto, sobre a veracidade das coisas, sobre o valor que damos aos pequenos prazeres no nosso dia a dia.
Em todos os casos, as ideias que vou desenvolver neste artigo não respondem apenas ao imediato do momento atual. Muitas das ideias já estavam a caminho, mas este abrandamento global afirmaram-nas de forma mais incisiva.
Poderíamos resumí-las da seguinte forma:
Simplicidade formal
Se existe algo que tem vindo a caracterizar o design de interiores e com ele, o design de mobiliário, é o regresso do uso das formas básicas. Um catálogo revisto de formas geométricas onde poderíamos destacar os arcos e as linhas arredondadas. Geometrias delicadas, desprovidas de artistas e que nos transmitem serenididade e confiança.
Materiaissustentáveis (a sério)
A preocupação pelo estado de saúde do nosso planeta deixou de ser uma tendência para tornar-se numa necessidade. Temos móveis bonitos que ainda são mais bonitos por serem sustentáveis.
O mesmo acontece com a utilização de materiais naturais. Madeiras, tecidos e pedras conferem ao mobiliário a beleza e a veracidade da sua imperfeição. Destaca também a combinação destes materiais com elementos metálicos em diferentes acabamentos (lacados, anodizados,…) e a utilização de tecidos naturais como a lã ou o linho. Como consequência, observamos uma baixa na utilização de mobiliário realizado em plástico e os seus derivados.
Técnicas artesanais
Continuando com esta procura da essência dos objetos, temos que destacar a recuperação das técnicas tradicionais e os materiais a elas associadas: vime, ratã, cerâmica, pele…
Cores, tons e texturas com serenidade
Outra tendência no auge é o regresso do uso da cor, mas contrariamente a décadas anteriores, nos últimos anos observa-se uma inclinação pela uso de cores pouco saturadas e sempre à boleia de outras cores: verdes-azulados, rosas, amarelos-alaranjados; bem como a utilização de combinação de vários tons da mesma cor. Tudo isto acompanhado de texturas muito marcadas em revestimentos e tecidos.
José Manuel Fernández
IG: @estudioestudio